A ideia que dá origem ao documentário é muito interessante e consiste em explicar como se deu a construção da imagem espetacular de 2018. O mérito todo é da equipe gigantesca por trás do Event Horizon Telescope (EHT), financiado por várias agências de fomento, o que não inclui nenhuma brasileira, infelizmente. Por outro lado, aparece no documentario a inserção natural do Stephen Hawking, com seus trabalhos iniciais. E acho que aí surge o problema.
O trabalho do EHT, por si só, já é meritório do documentário e eu esperava que houvesse uma discussão mais profunda sobre os telescópios que estão ao redor do mundo e que foram utilizados para a reconstrução da imagem. Mas não houve isso. Rápida e superficialmente, há uma exposição da técnica de reconstrução. Depois disso, dá-lhe imagens e mais imagens apenas para embelezar o vídeo.
Mas, para complicar mais ainda, durante parte do trabalho do EHT, Hawking falece. E pior, ele estava em processo de colaboração na escrita de um artigo, que é publicado postumamente. Oras, acho que não valia a pena comer o tempo do documentário com a história desse artigo. Não mesmo. Se queriam falar dos artigos, então seria interessante falar sobre os trabalhos iniciais de Hawking e Bekenstein.
Enfim, o documentário tem méritos, como linguagem acessível e belíssimas imagens. Por outro lado, a fusão do fantástico trabalho do EHT com o que seria mais um (não necessariamente o último) artigo do Hawking deixou a desejar.
Aproveitarei para falar sobre a criação de partículas no próximo post, assunto que o Hawking explorou a fundo ao longo da vida.
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