Assunto espinhoso!
Ciência, grosso modo, é tudo que se faz por meio de pesquisa sistematizada e, espera-se, padronizada de acordo com algum conjunto de normas.
Fazer ciência é, então, testar hipóteses diante de certas variáveis que se tem como importantes num determinado problema. Envolve dúvida, pensamento crítico, uma dose cavalar de ceticismo e um certo tanto de honestidade intectual. Eventualmente, todo este processo leva a acertos (e muitos erros!). Ou leva ao menos a revisão dos limites de acertos anteriores. Fazer ciência é, portanto, um processo contínuo de acerto-erro-acerto-erro...
Religião, por outro lado, envolve fé fundamentada em elementos não passíveis de discussão. Estes elementos de fé são determinados por um conjunto de pessoas, tidas como iluminadas, ou algo que o valha, e que determinam como deve ser manifestada a fé dentro de um certo conjunto de dogmas. Repare que religião e crença não são a mesma coisa. Eu posso ter crenças sobre um ser supremo, por exemplo, sem pertencer a nenhuma religião. Ou seja, eu posso construir elementos (externos e internos) que validem a minha fé.
Religião (e mesmo apenas crenças pessoais) e ciência são desconexas. Nenhuma religião pode determinar o que a ciência deve ou não procurar. A ciência não pode dizer no que as pessoas devem ter fé. Cristalino, não? Pois é, só que não. Vira e mexe há sempre um religioso querendo ter opinião sobre assuntos da área da ciência, tendo por base o próprio conhecimento e seus dogmas de fé. E o contrário é também verdadeiro, claro.
Sou ateu de carterinha (é verdade! tenho carteirinha de ateu!), então vejo sempre com bons olhos essas discussões, porque divergir esclarece pontos de vista, o que pode conduzir a um entendimento (ou terminar em tragédia, claro!). Por isso não acho legal a cultura do cancelamento que, parece-me, nega a dicussão das divergências. Enfim, tergiversei aqui.
Resumo da ópera: ciência e religião não são escada para discurso demagógico.
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